O Parque Nacional Lauca é uma reserva natural de 1.379 km² localizada no extremo norte do Chile, perto da fronteira com a Bolívia. Criado em 1970, foi declarado, na década seguinte, parte integrante da Rede Mundial de Reservas da Biosfera da UNESCO, conjunto de territórios naturais reconhecidos como exemplos de boas práticas na manutenção do equilíbrio entre a qualidade ambiental e o desenvolvimento sustentado.

Para visitá-lo, no entanto, é necessário, primeiramente, chegar à cidade portuária de Arica. Sem grandes atrativos turísticos, a capital da região de mesmo nome, situada a 20 km da fronteira peruana, é, no entanto, um conceituado ponto de surfe. Após um ou dois dias conhecendo o local (ou mais, caso você tenha interesse em aproveitar suas ondas), o melhor a fazer é alugar um carro – que, quando viajamos, obrigatoriamente tinha que ser uma picape – e partir, em uma viagem de 2 horas e meia, para a cidade de Putre.

Durante o período colonial, no auge da exploração mineira, Putre foi um importante ponto de descanso no caminho das minas. Após a Guerra do Pacífico, firmada a paz entre o Chile e o Peru, em 1883, tornou-se, por sua vez, um foco da resistência cultural peruana. Hoje, no entanto, com apenas 1.500 habitantes, a maioria domiciliada na zona rural, é um pacato vilarejo. Quando estivemos lá, no final de dezembro, havia muito pouco movimento, seja de locais ou de turistas.

Em se tratando de turismo, a grande atração da cidade é o fato de ela estar localizada a apenas 20 km de distância do Parque Nacional Lauca. Afinal, partindo em direção ao leste, em pouco tempo você terá a extraordinária oportunidade de avistar os vulcões Parinacota e Pomerape – que, juntos, devido ao fato de seus cumes estarem sempre cobertos de neve, são conhecidos como os “nevados de Payachatas”. Os melhores ângulos para apreciá-los, contudo, você encontrará um pouco mais adiante, junto ao lago Chungará, localizado a 4.520 metros de altitude!

O caminho para chegar até ele não é dos mais fáceis. Afinal, apesar de bem preservada, a sua estrada costuma estar repleta de caminhões, uma vez que o lago está localizado perto da fronteira com a Bolívia, que depende dos portos chilenos para as suas exportações. A altura também atrapalha muito, pois o ar rarefeito, combinado com a inclinação da estrada, diminui bastante a potência do carro.

Uma vez superado esse pormenor, no entanto, o lago Chungará o surpreenderá com sua paisagem e grande diversidade de vida animal, que inclui aves como patos e carquejas – e, se você tiver sorte, flamingos andinos, uma das espécies mais raras do gênero. Na verdade, o parque de uma forma geral é repleto de aves – mais de 140 espécies – e de outros tipos de fauna – como, por exemplo, as vicuñas, os guanacos e as viscachas. Todos eles, por sua vez, vivem em equilíbrio num bioma conhecido como “bofedal”, que caracteriza a região.

Essa paisagem é ainda melhor aproveitada ao redor do povoado de Parinacota, declarado Monumento Nacional do Chile. A princípio, o local é conhecido por suas tecedoras de lã de alpaca, mas, quando estivemos lá, dos 3.156 habitantes que vivem na província, nenhum estava presente. Ao sairmos do carro, tudo o que vimos foi uma pequena placa anunciando uma trilha, que pegamos sem hesitar. Dessa forma, tivemos a oportunidade de mergulhar um pouco na cultura local, visto que alpacas e lhamas conviviam em harmonia nesse trecho do Parque Nacional Lauca!

O Parque Nacional Lauca é, de fato, um parque onde você terá a oportunidade de se aprofundar na cultura do norte do Chile e apreciar a sua paisagem natural com tranquilidade e liberdade. Talvez, por ser pouco visitado, ainda lhe falte uma melhor estrutura turística. No entanto, essa é uma inconveniência natural das preciosidades ainda não descobertas pelo turismo de massa!