– É naquela barraca azul – respondeu o rapaz à minha angustiada pergunta.

Já passava das 10 horas da manhã e estávamos atrasadas. A Ilha do Campeche, por ser uma área de preservação arqueológica e paisagística, recebe, na alta temporada, apenas 800 visitantes por dia. Por isso, caso você escolha como meio de transporte um dos catamarãs que saem da Barra da Lagoa ou um dos barcos da Associação de Pescadores Artesanais que saem da Praia da Armação, é necessário reservar com antecedência. No entanto, se decidir contar com a Associação de Botes da Praia do Campeche, não há possibilidade de reserva. É necessário, portanto, chegar cedo!

Nós havíamos optado por esta última opção devido a duas razões principais: queríamos ser uma das primeiras a chegar à ilha (e essa travessia dura menos de 10 minutos) e a maioria das outras alternativas já se encontravam lotadas quando chegamos à Florianópolis. Bastava, contudo, chegar cedo e em pouco minutos estaríamos lá! Porém, nada saiu como o planejado e agora corríamos o risco de não conseguir visitar a ilha.

Enquanto caminhávamos apressadamente para a barraca azul, um vento forte bagunçava nossos cabelos e atrasava a nossa jornada. À esquerda, o mar agitado trazia um certo temor por nossa viagem, que seria feita em um pequeno bote de borracha, de aproximadamente dois metros, com capacidade para apenas seis ou sete pessoas. Porém, a ansiedade maior vinha da fila que víamos formada alguns metros adiante.

Tínhamos medo de não consegui visitar à ilha de que tínhamos ouvido falar tão bem. Com apenas 1.620 metros de comprimento no sentido norte-sul, e 563 no sentido leste-oeste, a Ilha do Campeche tem somente uma pequena praia. Esta, no entanto, ao contrário da maioria de Florianópolis, possui águas calmas e transparentes – além de areias brancas e de uma vegetação adjacente, que, juntas, formam uma paisagem paradisíaca.

Além do mais, conforme mencionamos anteriormente, trata-se de uma área de preservação não apenas paisagística, mas também arqueológica. Com efeito, a Ilha do Campeche abriga algumas das mais importantes inscrições rupestres do Brasil, possuindo a maior concentração de oficinas líticas do litoral brasileiro, além de pinturas e gravuras pré-históricas. O local possui também ruínas de armação de baleias, datadas do final do século XVIII. Todos esses elementos podem ser melhor apreciados através das trilhas disponíveis na ilha, percorridas sempre na companhia de guias credenciados. No entanto, caso decida fazer alguma das cinco opções, escolha com sabedoria, pois você só poderá permanecer 4 horas na ilha.

Devido, portanto, a todos esses fatores, estávamos animadas para visitar o local. No entanto, logo após nos posicionarmos na fila, recebemos a notícia de que a Associação já havia enviado à ilha a quantidade de pessoas a que tinha direito. A partir de agora, não havia mais garantias. Restava apenas esperar que algum catamarã ou algum barco chegasse incompleto. Diante da notícia, algumas pessoas resolveram ir embora, mas nós não estávamos prontas para desistir, até porque a previsão para os próximos dias era de chuva – e a visita à Ilha do Campeche e os passeios disponíveis nela estão condicionados às condições climáticas.

Após quase uma hora, a boa notícia. Todos estavam garantidos! A partir de então, o tempo passou rápido. Em alguns minutos, estávamos colocando os coletes salva-vidas.

– Eu disse que não ia dar!

Com esse grito animador de um dos homens que empurram o bote para dentro do mar, e um jato de água no rosto, começamos nossa pequena aventura em direção à Ilha do Campeche. Alguns segundos depois, nos entreolhávamos, sorrindo, pois tínhamos a certeza de que havíamos feito a escolha certa e de que uma bela tarde de diversão e descanso nos aguardava nesse pequeno paraíso de Florianópolis.

* Para mais informações práticas sobre a visita à ilha, acesse o site oficial da Ilha do Campeche.