Fez é a segunda maior cidade do Marrocos. Repleta de cultura e história, é considerada por muitos a capital cultural do país. Uma de suas personalidades mais ilustres foi, por sua vez, Fatima al-Fihri. Filha de um abastado comerciante, falecido precocemente, ela ganhou essa fama por ter optado por usar toda sua herança em benefícios de sua comunidade, mandando construir, no ano de 859, a mesquita de Al Quaraouiyine, além de uma madraça adjacente.

Uma madraça é uma instituição de ensino típica da cultura muçulmana, centrada no estudo da religião. A madraça de Al Quaraouiyine, no entanto, logo se tornou um centro fomentador de um saber global, de onde saíram importantes contribuições para a filosofia, a matemática, a engenharia, a arquitetura, dentre outras áreas do conhecimento, que só muito mais tarde iriam se tornar conhecidas na Europa. O Papa Silvestre II, por exemplo, responsável por introduzir os numerais árabes na Europa, teria passado um tempo, durante o século X, estudando na universidade.

Como parte desse complexo, havia também uma biblioteca, que, tendo sobrevivido ao tempo, é considerada hoje, pela UNESCO e pelo Guiness World Record, a mais antiga biblioteca do mundo ainda em atividade. Ampliada no decorrer dos séculos, possui milhares de livros e manuscritos, muitos deles raros, como um Alcorão do século IX e um manuscrito do filósofo Averroes.

A biblioteca era, até alguns anos atrás, fechada ao público, sendo reservada a alguns acadêmicos e estudantes privilegiados. No entanto, passou recentemente por uma restauração e agora pode ser visitada por turistas e viajantes. Com mais de 1.200 anos, e 4 mil livros, é uma atração obrigatória para quem visita a cidade de Fez pela primeira vez, não apenas devido ao primor artístico com que foi construída, mas também por sua fenomenal história.

* Inspirado em um artigo do The Culture Trip.